Um espaço de opinião e reflexão, que me permite partilhar os meus pensamentos, frustrações e alegrias. Mas aviso desde já, se pensam aprender alguma coisa aqui, vão ficar completamente desiludidos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Geração à Rasca

Acabei de ler um artigo de opinião no ainanas e não podia estar mais de acordo. Exactamente aquilo que tenho andado a dizer nos últimos dias. Por isso aqui fica. Desde já peço desculpa se estou a ferir susceptibilidades.

A minha lamentável geração “rasca”, by Elda Fernandes.

Uma posição polémica mas que merece respeito e divulgação. Está bem fundamentada, bem explicada e achamos muito positivo conhecer outras posições.
Sinceramente não gosto desta definição, principalmente quando somos nós próprios que nos intitulamos, não somos rascas, acredito que somos sortudos, vivemos em democracia, num continente pacífico, não temos guerra, temos uma união europeia que nos suporta possíveis quedas, podemos viver em cada país membro sem qualquer burocracia, podemos andar e pensar de forma livre, não fomos vítimas de censura, não vivemos uma desigualdade de sexos.
Vivemos numa crise, típico dos grandes impérios, nascimento, expansão, queda; inevitável! O nível de vida de uma sociedade de consumo, é o seu grande problema, o petróleo a grande questão, somos dependentes de países longe da fase de maturidade em que nos situamos. É necessário olhar para o nosso passado e deixar de parte a nossa visão ocidentalizada, perceber os conflitos que aconteceram no nosso continente até termos paz e sermos uma unidade comum, foram necessárias as duas guerras mundiais, para acordarmos para um dever de igualdade entre povos e nações. Apreendemos que viver em comunidade exige respeito pelos outros, aceitação e os valores das religiões não podem determinar um território. Erros passados corrigidos por uma política assente em democracia onde se debatem temas ouvem-se posições e determinam-se leis revogáveis!
A nossa geração tem que perceber a nossa fase natural, estamos numa fase avançada de maturidade, o ser humano tem que respeitar a natureza da vida, esta mas nossas mãos trabalhar e aproveitar todo o nosso conhecimento que por sinal é ensinado em todas as instituições de ensino pelo mundo, persistir, inovar, sempre fomos bons em filosofia, politica, ciências, aliás estes conhecimentos nasceram na nossa porção de terra!

Presentemente com a existência da união europeia não devemos falar de Portugal como caso isolado, há oportunidade de ir para outros sítios, somos um grande território, uma mistura de culturas com uma grande tradição, somos provavelmente, dirá o meu orgulho europeu o melhor continente para viver, a nossa cultura genuína a beleza e a riqueza do nosso passado dá-nos uma herança inquestionável!
A minha geração, não todos felizmente, critica muito e faz pouco, não há trabalho, estudamos para nada, o governo só quer encher os bolsos, o trabalho é precário, uma infindável lista de queixas, suportadas pelo facto de sermos licenciados? Aqui está o problema, sermos doutores, resumindo superiores, apesar de na hora da verdade a nossa superioridade não ter voz activa! A abstenção atinge valores altíssimos, refutamos, eles são todos iguais, não vela e pena levantar o traseiro do café para ir votar, a crise, tema comum na boca de qualquer jovem! Depois é só sair á noite para ver que crise não é assim tão notória na minha geração, isto para não falar das roupas, carros e do fluxo de alunos nas universidades!
Atenção, sou a primeira pessoa a dizer que devemos estudar, mas se olharmos para o passado, os nossos pais e avós, vemos algum sacrifício para tirar os cursos, trabalhar, estudar, conciliar estudos e família, filhos, agora a minha geração não, arrasta-se nas universidades, não sabem que curso querem tirar, precisam de dinheiro mas trabalhar é uma seca, ter um part-time, não depois não tinham tempo para nada! De facto, é melhor ficar na casa dos país até aos 30, ir tirando cursos ou acumulando matriculas e viver dependentes dos progenitores, porque nós somos doutores, ou vamos ser, não vamos trabalhar para receber o salário mínimo, que horror isso é quase uma mesada!
Estou a ser injusta, existe uma minoria, algumas grandes pessoas que tive o prazer de conhecer ao longo da minha vida académica, pessoas que estudam porque gostam ou querem melhorar a sua formação, pessoas que trabalham, são independentes e não se queixam, porque não têm tempo, estão ocupadas com outros objectivos. Estas pessoas hoje estiveram a trabalhar, a estudar, a descansar de uma longa semana, não estão com cabeça para andar na rua a dizer: somos a geração rasca, não queremos trabalho precário, somos doutores, a geração com mais habilitações e menos condições de emprego!
Esta sociedade de doutores devia perceber algo simples que até uma criança com uma conversa percebe, estamos em crise, a nossa sociedade de consumo torna-nos dependentes de outros povos que infelizmente vivem em conflitos, vivemos problemas económicos graves, temos demasiada formação para o país pequeno onde vivemos, portanto que tal a lei da adaptação?
Concordo com o actor Ruy de Carvalho podemos ter razões para protestar, mas quando vamos às Faculdades vemos é automóveis. E pode haver aproveitamento político com este protesto; há quem se movimente bem nestas realidades. Depois há o povo que manifesta apesar de nem perceber bem porque!
Sou contra manifestações, elas são permitidas, estão na constituição, vivemos numa democracia temos o direito de protestar quando achamos que de certa forma os nossos direitos não estão a ser respeitados, acho é um pouco estúpido ouvir pessoas da minha idade dizerem-me que estão a violar os direitos delas porque tem um curso e não vão trabalhar para um call center ou uma loja. Não percebo, que eu saiba ninguém nos aponta facas para irmos tirar cursos e hoje em dia dispomos de diversa informação sobre cursos que não vão ter saída.
Eu sou licenciada em comunicação social e sempre soube como funcionava o mercado o meu mestrado é em políticas europeias é obvio que não me vai dar um grande emprego logo que sair da faculdade! Mas considero-me uma sortuda, paralelamente a isso trabalho, crio as minhas oportunidades e tenho a certeza que vou continuar a apostar em mim! Nas universidades também se aprendem valores, não se tiram apenas cursos!
Quando olho á minha volta percebe que esta geração não gosta de trabalhar. Quer um status, situação muito comum nos povos latinos.
Queremos ganhar bem, fazer pouco! Um patrão que nos pague porque trabalhar por conta própria é um risco, aprender sozinho dá trabalho e é tão bom ouvir ordens, criticar – las e passar o dia nas redes sociais, infelizmente é isto que a minha geração procura!
Quem trabalhar e tem uma mente empreendedora, não vai a manifestações, não passa a vida a queixar-se sentado no café a beber minis, a criticar o governo, pelo contrário, analisa o mercado vê onde existem possíveis oportunidades e luta por elas, usa o cérebro que caso não saibam funciona como um músculo, convêm exercita-lo! Pode demorar a triunfar mas quando lá chegar não vai ficar com ar de parvo a dizer que não percebe, que a sua formação não é naquela área! Vivemos num mundo de polivalência em que temos que ser bons no máximo de coisas possíveis!
Somos uma geração eu vive á distância de um click do que se passa no mundo! Temos acesso a uma quantidade infinita de informação e mesmo assim só nos queixamos!
Não quero universalizar, mas às vezes tenho vergonha da minha geração, do ar de estúpidos que lançam a dizer nunca me ensinaram, não consigo, acho que estou no emprego errado! Em vez de ficarem com cara de parvos peguem em livros e aprendam!
A manifestação devia existir, mas não para os sedentários da civilização, mas para quem luta por oportunidades, se arrastam por trabalhos e estudos, cria empresas e paga barbaridades de impostos esses devem manifestar! Gostava de estar errada mas tenho a certeza que os números que a comunicação social revela sobre os presentes na manifestação, muitos com força de vontade e algumas abdicações resolviam os seus problemas!
O país tem que mudar, as universidades tem que repensar as licenciaturas disponíveis, as empresas apostar em quadros qualificados, o governo não pode continuar a aumentar os impostos, não podemos continuar com políticas de incentivo para os estrangeiros, estamos mal, isso é certo!
A mudança não pode vir apenas da governação ela é tão humana como nós! A mudança tem que partir desta geração, mas não apenas com manifestações mas com acções! Já que somos tão qualificados vamos deixar o senso comum, reclamar,criticar e agir! Agora os doutores de café, acho que deviam ir beber mais uma mini em vez de andarem a bloquear o trânsito na Av. da liberdade!
P.S. - Então ela tem ou não razão? Muitos não fazem é porque não querem. Nem todos podem começar com grandes cargos e grandes ordenados. Não vejo qual é o problema de começarem com um trabalho mais modesto, depois continuam a procurar até encontrarem algo que considerem mais de acordo consigo. Acreditem não cai os parentes na lama a ninguém por estar uns meses ou mesmo um ou dois anos a fazer uma coisa que não gostem tanto!

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