Um espaço de opinião e reflexão, que me permite partilhar os meus pensamentos, frustrações e alegrias. Mas aviso desde já, se pensam aprender alguma coisa aqui, vão ficar completamente desiludidos.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Baunilha e Chocolate - Final

Os senhores dos direitos de autor que me perdoem (encarem como publicidade), mas eu vou ter que pôr o final aqui, depois de toda esta partilha. E aviso já, isto que aparece a seguir é o último capítulo do livro Baunilha e Chocolate, por isso, se estão a pensar ler este livro, não continuem! Eu sei que nunca se deve revelar finais e tal, mas eu sou péssima nisso, nunca consigo evitar. Já sabem, se não querem saber o final de um livro ou filme que eu conheça não falem comigo acerca disso.

«Penélope foi deitar-se no momento em que os pais regressavam a casa. Aproximou-se de Luca, que dormia a seu lado, e abraçou-o.
- Parece que vais ter um irmãozinho. Ou talvez uma irmãzinha – sussurrou-lhe ao ouvido.
Nos dias seguintes, o teste de urina confirmou a gravidez.
Uma manhã, de maddrugada, ouviu tocar o telefone no vestíbulo. Precipitou-se pelas escadas abaixo, a barafustar contra a sua preguiça, que a fazia adiar o pedido de um telefone suplementar para o andar superior.
- Estou na praia. Por que não vens ter comigo? – Era Andrea.
- Vou já – respondeu.
No quarto do primeiro andar chegou a voz da sua mãe.
- Quem foi que telefonou a esta hora? – perguntou, aborrecida.
-Foi engano. Dorme – disse Penelope.
Abriu devagar a porta de casa, saiu para o jardim, montou na bicicleta e começou a pedalar velozmente em direcção à praia. Cesenatico, de madrugada, era a mesma de sempre: uma cidade lunar. Abandonou a bicicleta em frente da porta do bar, que ainda estava corrida. Contornou o edifício branco e chegou à praia. Os guarda-sóis estavam fechados, as espreguiçadeiras e as camas dobradas e encostadas às mesas. O Sol nascia à superfície da água. Andrea de jeans e t-shirt de algodão, veio aos seu encontro.
Parou a dois passos dela e sorriu-lhe.
- Estás muito bem – disse.
- Estou ainda em camisa de noite – replicou.
- Vamos tomar um banho? – propôs o marido, enquanto tirava a camisola.
- Achas que desta vez conseguimos chegar ao Sol? – perguntou ela, correndo em direcção ao mar que se estendia em ondas planas, a acariciar a areia.
Nadaram em sincronia até ao largo. Depois viraram-se de costas, a olhar o Sol que se erguia rapidamente no céu.
- Pensava que um momento tão bonito não se repetiria jamais1 – exclamou Andrea.
- Às vezes, a felicidade regressa – afirmou ela. Deu uma cambalhota e recomeçou a nadar em direcção à praia.
Saíram de água a tremer.
- Na cabina há roupões para os dois – anunciou ela. Naquele momento abriu o bar. O banheiro, que tantos anos antes tentara seduzir Penelope, apareceu à porta e viu-os.
-São madrugadores, vocês os dois – observou, divertido.
- Tens bolos frescos? – perguntou-lhe Andrea.
- Chegaram agora mesmo. Vou ligar a pressão da máquina para vos preparar o cappucino do costume – prometeu.
Na cabina com Andrea, Penelope libertou-se da camisa enchacada e envolveu-se nun roupão de felpa.
- És muito bonita. Há vinte anos não me deixaste ver-te nua – brincou Andrea. Penelope sorriu-lhe e saiu da cabina.
Dirigiram-se para o bar e ela disse: - Há vinte anos não tínhamos tido três filhos os dois. Depois, em voz baixa, acrescentou: - Agora vem aí um quarto.
O marido segurou-a por um braço, obrigou-a a virar-se e olhou-a com uma expressão de felicidade absoluta.
- Estás grávida?
Ela confirmou.
- e só agora é que me dizes isso? – exclamou com uma gargalhada cheia de alegria que, de repente, se extinguiu. Largou-lhe o braço e perguntou: - Quem é o pai?
Penélope calou-se. Dirigiu o olhar para a cintilante extensão do mar e sussurrou: - Não sei.
Andrea não reagiu. Sabia que a mulher estava a dizer a verdade.
Ela baixou os olhos e encostou-se a uma mesa. Sentou-se, apertando no peito o roupão de felpa. Levantou o rosto. O marido inclinou-se sobre ela e pousou os lábios nos cabelos molhados. Pôs-lhe um braço à volta dos ombros e apertou-a contra si.
- Este filho é meu, porque te amo – disse.
Ficaram assim, abraçados, a olhar o céu límpido daquela esplêndida manhã de Junho.
- Ainda não dormiste, pois não? – perguntou Penelope.
- Acabei de trabalhar há três horas. Como é que podia?
- Tens de voltar à cidade?
- Tenho vontade de abraçar o Luca. E preciso de estar contigo. Vamos para casa.»

2 comentários:

  1. já li este livro mas confesso que não o consigo contar, ou li muito rápido ou não li com a atenção devida...

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  2. O livro é bom, não está ao nível de alguns grandes clássicos, mas é leve, para quando precisamos de descontrair um pouco. Gosto principalmente da forma como eles se comunicam por cartas, acho mesmo muito querido.

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